IESAPM promove aula sobre sífilis para alunos da graduação, em alusão ao Outubro Verde

Na última terça-feira, 28 de outubro, os alunos da graduação de Tecnologia em Gestão Hospitalar do Instituto de Ensino Superior da Associação Paulista de Medicina (IESAPM) tiveram uma aula especial sobre sífilis e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) – em alusão à campanha Outubro Verde, dedicada à conscientização sobre a sífilis e a sífilis congênita –, ministrada pela professora Camilla Estevão de França.

De acordo com o Ministério da Saúde, a sífilis é causada pela bactéria Treponema Pallidum. Embora seja uma condição prevenível e que tem tratamento gratuito e eficaz disponível pelo Sistema único de Saúde (SUS), o cenário global e nacional é de alerta. A sífilis é transmitida principalmente por relações sexuais desprotegidas (vaginal, anal ou oral).

No entanto, existem outras formas de transmissão, como o contato com sangue contaminado e, principalmente, a transmissão de mãe para filho durante a gestação ou o parto, resultando na sífilis congênita. Por isso, a campanha Outubro Verde enfatiza a necessidade da testagem para sífilis no pré-natal. Esse diagnóstico precoce permite o tratamento imediato da gestante com penicilina, prevenindo a transmissão para o feto e as sequelas da sífilis congênita.

O diagnóstico é feito por meio de exame de sangue e testes rápidos, e o tratamento é oferecido gratuitamente pelo SUS. A doença pode se manifestar em diferentes estágios. A fase Primária é caracterizada pelo cancro duro, uma ferida geralmente única que surge no local de entrada da bactéria e que desaparece sozinha, o que não significa cura.

Em seguida, a fase Secundária apresenta manchas no corpo, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés, além de febre e mal-estar. A fase Latente é assintomática, mas o indivíduo continua infectado. Por fim, a fase Terciária é a mais avançada, podendo surgir de 1 a 40 anos após a infecção e causar lesões graves em diversos órgãos, como sistemas cardiovascular e neurológico.

Indicadores

Conforme Boletim Epidemiológico lançado recentemente, a sífilis atingiu oito milhões de casos no mundo em 2022, com a Região das Américas concentrando a maior incidência. O aumento dos casos está ligado a diversos fatores sociais, como a baixa percepção de risco, a desigualdade no acesso ao diagnóstico e tratamento, e o estigma associado às ISTs, que afasta as pessoas da busca por cuidado.

O Brasil enfrenta uma epidemia crescente. Entre 2010 e junho de 2025, o País registrou mais de 1,9 milhão de casos de sífilis adquirida. A taxa de detecção tem mostrado uma tendência de crescimento constante, atingindo 120,8 casos por 100.000 habitantes em 2024.

Em 2024, o perfil da sífilis adquirida mostrou que 61,3% dos casos ocorreram em homens, com as maiores taxas de detecção concentradas em adultos jovens, na faixa etária de 20 a 29 anos. Geograficamente, a Região Sul, especialmente Santa Catarina, tem mantido historicamente as maiores taxas, mas a epidemia é heterogênea, com destaque para capitais como Vitória, Florianópolis e Palmas.

Entretanto, a sífilis em gestantes e a sífilis congênita são os maiores desafios de saúde pública. De 2005 a junho de 2025, foram notificados mais de 810 mil casos em gestantes. A sífilis congênita é evitável quando a gestante recebe o tratamento adequado durante o pré-natal.

Contudo, entre 1999 e 2025, o Brasil registrou 369.468 casos em crianças menores de 1 ano. No período de 1998 a 2024, foram registrados 3.739 óbitos por sífilis congênita em menores de 1 ano de idade.

Em 2024, foram registrados 24.443 casos de sífilis congênita, com uma taxa de incidência de 9,6 casos por 1.000 nascidos vivos, e 183 óbitos no ano. O percentual de evitabilidade no Brasil foi de 72,8%, indicando que a cada 100 casos de sífilis em gestantes, cerca de 27 resultaram em sífilis congênita.

A alta incidência de sífilis congênita decorre principalmente de falhas no manejo da doença. Em 2024, a principal barreira foi o tratamento materno inadequado, visto que 85,7% das mães de crianças com sífilis congênita não receberam o tratamento correto ou não o fizeram, mesmo com alta cobertura de pré-natal.

Soma-se a isso o diagnóstico tardio, pois 27,4% das gestantes em 2024 foram diagnosticadas apenas no terceiro trimestre ou no momento do parto, o que diminui a chance de cura do bebê. Outra falha crucial é na parceria sexual, sendo que nos últimos três anos, observou-se um baixo percentual de tratamento das parcerias sexuais das gestantes com sífilis. Em 2024, apenas 34,6% dessas parcerias foram tratadas.

Fotos: Reprodução aula IESAPM

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